Fama e Anonimato

Uma completa desconhecida

A derrota por 4 a 1, no último dia 25 de março, para a atual campeã, Argentina, expos a falta de rumo que o barco da seleção brasileira de futebol se encontra. O resultado culminou na demissão do técnico Dorival Júnior três dias depois, e colocou um holofote ainda mais forte na atual gestão de Ednaldo Rodrigues a frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), instituição que coordena o futebol brasileiro.

O cargo de técnico segue vago, e a CBF voltou a falar no nome do italiano Carlo Ancellotti, que já havia rejeitado a seleção para permanecer no Real Madrid da Espanha. Outros nomes entraram na discussão como os portugueses Jorge Jesus e Abel Ferreira. Enquanto isso, o campeonato brasileiro vai para sua terceira rodada, sem que o principal nome do campeonato tenha entrado em campo, e afastando ainda mais o interesse dos torcedores na seleção.

O baile

Melhores momentos da vítoria da Argentina sobre o Brasil que culminou na demissão de Dorival Junior

O baile argentino começou logo aos cinco minutos do primeiro tempo, quando Julian Alvarez abriu o placar para a Argentina, na partida válida pela décima quarta rodada das eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. A vitória contra o Brasil garantiu uma das seis vagas diretas para os atuais campeões, e deixou a seleção brasileira na quarta posição, com 21 pontos, dois a menos do que o Equador, segundo colocado e próximo adversário no dia 05 de junho.

Os equatorianos foram os primeiros adversários que Dorival Junior enfrentou nas eliminatórias como técnico do Brasil, e venceu por um a zero. Desde então foram sete jogos, três vitórias, dois empates e duas derrotas. Nesse meio tempo ainda houve a eliminação nas quartas de final da Copa América para o Uruguai em 2024. Em 2025, foram apenas dois jogos, uma vitória chorada contra a Colômbia e o vexame contra os argentinos que destituiu Dorival do cargo.

A vaga para a Copa do Mundo não corre perigo, tendo em vista que além das seis vagas diretas, o sétimo colocado das eliminatórias disputa uma repescagem contra uma equipe da Oceania, o que significa que para ficar de fora do mundial, a seleção brasileira terá que fazer um tremendo esforço. O problema é que, em menos de um ano para a competição, o Brasil não tem técnico e equipe base.

CBF seguirá com mesmo presidente até 2030

O último jogo trouxe de volta o sentimento do sete a um de 2014, e ao mesmo tempo acendeu no brasileiro um sentimento de indignação frente a CBF. O Presidente, Ednaldo Rodrigues, destituído do cargo em dezembro de 2023 por irregularidades eleitorais, e que voltou no inicio de 2024 graças a uma liminar do Supremo Tribunal Federal, foi reeleito por unanimidade dois dias antes do fiasco contra a Argentina.

O novo mandato vai até 2030, com a possibilidade de mais uma reeleição, estendendo o comando do principal órgão do futebol brasileiro até 2034. O possível o opositor a Ednaldo era o ex jogador Ronaldo Fenômeno, que anunciou a pré candidatura a presidência da confederação em dezembro de 2024, porém desistiu de concorrer no pleito no inicio de março de 2025.

A justificativa foi que as confederações já estavam fechadas com o atual presidente. “No meu primeiro contato com as 27 filiadas, encontrei 23 portas fechadas. As federações se recusaram a me receber em suas casas, sob o argumento de satisfação com a atual gestão e apoio à reeleição. Não pude apresentar meu projeto, levar minhas ideias e ouvi-las como gostaria. Não houve qualquer abertura para o diálogo”, escreveu Ronaldo.

Quem explicou esse comprometimento entre clubes e CBF foi o presidente do Internacional, Alessandro Barcelos, que comentou que a reeleição de Ednaldo é vista pelos clubes como uma vitória coletiva para que uma liga de futebol do Brasil saia do papel. A ideia é que a nova competição aconteça a partir de 2027. Enquanto isso o campeonato brasileiro segue, enquanto o torcedor espera que Neymar volte.

De volta a estaca zero

A CBF definiu um prazo para anunciar o novo técnico da Seleção Brasileira de futebol masculino: até 2 de junho, quando será a próxima data FIFA. Atualmente sem técnico, o plano A voltou a ser o técnico Italiano Carlo Ancellottti, e como plano B o técnico português Jorge Jesus e Abel Ferreira. Em campo, o Brasil conta com alguns jogadores que se destacam em clubes como Real Madrid e Barcelona, porém segue a novela sobre o retorno de Neymar a seleção brasileira.

Depois de tanto tempo afastado por lesão, era de se esperar que Neymar tivesse problemas musculares, e ele precisará de muito mais tempo em campo para voltar a um nível em que possa equilibrar a balança. Aos 33 anos, ele é uma incógnita. Mas há uma lacuna enorme no time para o tipo de jogador de fundo que ele poderia preencher.

Os românticos podem se lembrar de 2002, quando Ronaldo parecia acabado apenas para fazer um retorno triunfante de uma lesão e levar um time brasileiro que quase não conseguiu se classificar até o título da Copa do Mundo número cinco. Eles ainda estão esperando pelo número seis. O real problema é o baixo nível apresentado pela seleção e o distanciamento e desconfiança do torcedor. O brasileiro gosta da sua seleção só não a conhece mais.